O Apito e o Caos: Até Quando a Arbitragem Sul-Americana Será um Problema?

Erro humano faz parte do jogo. Mas quando ele se torna uma constante, algo está muito errado. O escândalo de arbitragem da última rodada – mais um para a coleção – reacende o debate sobre a qualidade dos árbitros na América do Sul e a real efetividade do VAR.

No Brasil e em toda a América Latina, temos um histórico de lances absurdos que mudaram o destino de clubes e campeonatos. Vamos relembrar alguns casos emblemáticos e discutir o que pode ser feito para profissionalizar de vez a arbitragem.

Os Erros Mais Grotescos: Um Passeio pela Vergonha

No Brasil, alguns erros se tornaram lendários. Quem não se lembra da final do Campeonato Paulista de 1973? O árbitro Armando Marques errou a contagem dos pênaltis entre Santos e Portuguesa, decretando o título antecipado para o Santos. O erro foi tão grande que decidiram dividir o título entre os clubes.

No Campeonato Brasileiro de 1995, o gol de Túlio Maravilha contra o Santos na final é um dos maiores exemplos de como a arbitragem pode influenciar um resultado. O atacante do Botafogo estava claramente impedido, mas o gol foi validado e o time carioca sagrou-se campeão.

Na Libertadores, erros grotescos são quase uma tradição. Em 2017, o escândalo na semifinal entre Lanús e River Plate escancarou o despreparo do VAR na América do Sul. A arbitragem simplesmente ignorou um pênalti claríssimo para o River, e o Lanús avançou. Em 2019, outro caso bizarro: o VAR anulou um gol legítimo do Grêmio contra o Flamengo na semifinal, alegando impedimento inexistente. A cada ano, surge um novo absurdo.

VAR: Solução ou Apenas um Novo Problema?

Quando o VAR chegou, a promessa era clara: reduzir erros graves e tornar o jogo mais justo. Mas na América do Sul, a tecnologia parece mais uma extensão do caos do que uma ferramenta de auxílio. O problema não é o VAR em si, mas sim a forma como é utilizado. Falta critério, falta treinamento e, muitas vezes, falta coragem para tomar a decisão correta. A padronização do VAR na Conmebol, com a centralização das análises no CETA (Centro de Treinamento Tecnológico de Arbitragem), deveria trazer mais transparência, mas a sensação é de que as polêmicas continuam aumentando.

A Falta de Profissionalização e o Futuro da Arbitragem

A arbitragem sul-americana ainda é, em muitos casos, uma atividade secundária para os árbitros. Enquanto isso for uma realidade, o nível técnico continuará abaixo do esperado. Na Europa, árbitros são profissionais em tempo integral, treinam constantemente e recebem suporte para evoluir. Aqui, ainda engatinhamos nesse sentido.

É preciso investir pesado na formação de árbitros. Cursos rigorosos, avaliações constantes e punições para erros graves precisam ser a norma, não a exceção. A Conmebol e as federações nacionais têm a obrigação de criar um sistema onde a arbitragem seja respeitada, não ridicularizada.

Até Quando?

O futebol sul-americano é um dos mais apaixonantes do mundo, mas a arbitragem continua sendo um freio para seu desenvolvimento. O VAR pode ser uma ferramenta poderosa, desde que seja utilizado corretamente. A profissionalização dos árbitros não pode mais ser adiada. Se nada for feito, os escândalos continuarão acontecendo e a credibilidade do nosso futebol seguirá derretendo. A pergunta que fica é: até quando?

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