Tradição Brasileira vs. Técnicos Estrangeiros

A tradição brasileira vs. técnicos estrangeiros no comando da Seleção Brasileira reflete muito mais que uma simples preferência nacional: é a expressão de um legado centenário que, nos últimos anos, tem sido questionado pelo sucesso de treinadores de fora do país.

O domínio quase absoluto dos treinadores brasileiros

Historicamente, a CBF optou por nomes nacionais para dirigir a Canarinho. Dos grandes vencedores de Copa do Mundo — como Zagallo, Parreira e Tite — a maioria sempre foi formada em solo brasileiro, conhecendo a fundo a cultura e o estilo de jogo do país. Entre 1923 e 2025, apenas três estrangeiros tiveram breves passagens pelo cargo: o uruguaio Ramón Platero, em 1925; o português Joreca, em 1944; e o argentino Filpo Núñez, de forma interina

Essa tradição brasileira vs. técnicos estrangeiros reforça a crença de que só um técnico local entende as sutilezas do futebol do Brasil — da pressão das arquibancadas à qualidade técnica dos atletas.

A fase recente de técnicos locais

Entretanto, os últimos anos mostraram um declínio de treinadores locais. Tite, ícone do futebol brasileiro, saiu do Flamengo após uma sequência de atuações insatisfatórias, e Fernando Diniz foi demitido do Fluminense antes de encarar novo desafio no Cruzeiro. Até Dorival Júnior, veterano respeitado, enfrenta críticas por um futebol pouco envolvente, apesar de contar com craques como Vinícius Júnior e Raphinha.

Essa realidade difícil levou a CBF a considerar, pela primeira vez em décadas, nomes de fora para revolucionar o estilo de jogo e retomar o caminho das vitórias.

Pressão por estrangeiros: Jesus e Ancelotti na mira

Com o insucesso dos locais, cresce o clamor por técnicos estrangeiros de renome. Dois nomes aparecem com força:

  • Jorge Jesus: elogiado por seu futebol intenso e ofensivo, conquistou Libertadores e Brasileirão com o Flamengo e acumula ainda a melhor fase de portugueses no futebol nacional.
  • Carlo Ancelotti: multicampeão europeu pelo Real Madrid, teve seu nome ventilado pela CBF para assumir o comando a partir de 2024.

Embora a mudança de mentalidade seja vista como arriscada, ela espelha a busca por inovação tática e por resultados imediatos.

O êxito dos portugueses no Brasil

A entrada de treinadores lusitanos no futebol brasileiro não é mero acaso. Desde 2019, técnicos portugueses vêm dominando os principais títulos nacionais e continentais:

  • Jorge Jesus, Abel Ferreira e Artur Jorge assinaram quatro das últimas seis edições da Libertadores;
  • Abel Ferreira, no Palmeiras, soma 10 troféus em pouco mais de três anos, incluindo bicampeonato da Libertadores e Brasileirão;
  • Detalhando os títulos, Abel conquistou 3 Paulistas, 2 Brasileiros, 1 Copa do Brasil, 2 Libertadores e 1 Recopa, enquanto Jesus acumula Libertadores, Brasileiro e outros torneios nacionais.

Esse desempenho coloca os lusitanos em posição de destaque, minando o argumento de que apenas brasileiros compreendem o nosso futebol.

Desafios e perspectivas

A tradição brasileira vs. técnicos estrangeiros vive hoje um momento de inflexão. Se, por um lado, a CBF valoriza seu legado ao priorizar treinadores nacionais, por outro, a pressão por nomes de fora cresce com a busca por resultados expressivos e renovação tática.

O que vem pela frente?

  • Equilíbrio entre inovação e identidade: é possível mesclar a vivência local com ideias de ponta trazidas por estrangeiros?
  • Formação de novos treinadores brasileiros: será que a saída de rodadas de observação em clubes europeus ajudaria na evolução dos locais?
  • Decisão da CBF: manter a tradição ou arriscar com estrangeiros?

A resposta a essas perguntas definirá o futuro da Seleção e, talvez, mude para sempre a tradição brasileira vs. técnicos estrangeiros.

© 2025 Futebol Latino. Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos deste site sem autorização prévia, expressa e por escrito.  Da mesma forma, é proibida a reprodução total ou parcial de conteúdos em resumos, resenhas ou revistas com fins comerciais.

Política de Privacidade