Do topo ao fundo do poço em questão de meses. Botafogo, Vélez, Peñarol e Colo-Colo vivem um pesadelo após temporadas gloriosas, demonstrando como a glória no futebol sul-americano pode ser apenas um breve momento de alegria.
A ressaca dos títulos: do céu ao inferno em tempo recorde
O futebol sul-americano comprova mais uma vez sua imprevisibilidade e voracidade. Quatro gigantes que dominaram seus respectivos países em 2024 agora enfrentam crises profundas que abalam suas estruturas e deixam torcedores perplexos. Esta reviravolta dramática nos lembra que no esporte, a memória é curta e as conquistas de ontem não garantem sucessos futuros.
O fenômeno que acompanhamos neste primeiro terço de 2025 evidencia uma realidade cruel do futebol: a transição do céu ao inferno pode acontecer com uma velocidade assustadora. Botafogo, Vélez Sarsfield, Peñarol e Colo-Colo, que no ano passado ergueram troféus e celebraram conquistas históricas, hoje enfrentam crises técnicas, derrotas constrangedoras e resultados que contrastam drasticamente com suas recentes glórias.
Botafogo: o rei da América que perdeu o trono
O caso mais emblemático talvez seja o do Botafogo. Em 2024, o clube carioca alcançou o auge ao conquistar sua primeira Copa Libertadores e o terceiro Campeonato Brasileiro. O “Glorioso” parecia finalmente estabelecer uma era de dominação após décadas de espera. Entretanto, a realidade de 2025 contrasta brutalmente com aquela euforia.
A saída do técnico Artur Jorge, arquiteto daquele time vencedor, foi apenas o começo do declínio. Astros como Thiago Almada e Luiz Henrique fizeram as malas para a Europa, desmantelando uma equipe que parecia invencível. Os resultados despencaram de forma alarmante: nono lugar no Campeonato Carioca, derrotas acachapantes na Recopa Sul-Americana contra o Racing (4 a 0 no agregado) e na Supercopa para o Flamengo.
Mais preocupante ainda é a seca ofensiva que assola o time: são impressionantes 462 minutos sem marcar um único gol em competições oficiais. O início da defesa do título da Libertadores também foi decepcionante, com derrota para a Universidad de Chile. Como o campeão continental pode cair tão rápido?
Vélez Sarsfield: do quase rebaixamento ao título e de volta ao pesadelo
O Vélez Sarsfield protagonizou uma das histórias mais surpreendentes de 2024. Depois de quase ser rebaixado em 2023, o clube de Liniers deu a volta por cima sob o comando de Gustavo Quinteros, conquistando o Campeonato Argentino e disputando todas as quatro finais possíveis em competições nacionais.
Porém, a temporada 2025 trouxe uma realidade completamente oposta. A saída de Quinteros para o Grêmio e de jogadores importantes como Claudio Aquino para o Colo-Colo desestabilizou completamente o time. O início do Torneio Apertura foi catastrófico: nas primeiras oito rodadas, o Vélez não marcou um único gol e somou apenas dois pontos de 24 possíveis.
Após onze partidas, o time ocupa a décima terceira posição na Zona B e está perto da zona de rebaixamento na tabela anual, com apenas dois pontos de vantagem sobre o primeiro time na zona da degola. Uma salvação momentânea veio na estreia da Libertadores, com vitória nos acréscimos sobre o Peñarol, mas o cenário geral permanece alarmante.
Peñarol: o domínio uruguaio que virou pó
Em 2024, o Peñarol viveu um ano quase perfeito. Sob o comando de Diego Aguirre e com Leo Fernández brilhando em campo, o clube conquistou o Apertura, o Clausura e a maior pontuação da história da tabela anual uruguaia: impressionantes 93 pontos. No cenário internacional, alcançou as semifinais da Libertadores após 13 anos de ausência.
O contraste com 2025 não poderia ser mais gritante. Em onze partidas oficiais disputadas, o Peñarol conquistou apenas duas vitórias. No Torneio Apertura, ocupa a décima primeira posição com apenas nove pontos em 27 disputados. Perdeu a Supercopa do Uruguai em janeiro e foi incapaz de vencer qualquer um dos três clássicos contra o Nacional, com duas derrotas e um empate.
O pesadelo se estendeu à Libertadores, onde deixou escapar a vitória nos acréscimos contra o Vélez Sarsfield, com gol de Montoro, jovem promessa de apenas 17 anos do time argentino. Como explicar tamanha derrocada do gigante uruguaio?
Colo-Colo: o renascimento interrompido
O Colo-Colo ressurgiu em 2024 sob o comando de Jorge Almirón. Depois de um início vacilante, o clube emplacou uma segunda metade de temporada quase perfeita, com 13 vitórias em 15 partidas, conquistando o campeonato chileno e a Supercopa. Além disso, alcançou as quartas de final da Libertadores pela primeira vez desde 2018.
Carlos Palacios, Lucas Cepeda e o experiente Arturo Vidal foram peças-chave nesse renascimento. Contudo, 2025 trouxe novos desafios com a saída de jogadores importantes como o próprio Palacios para o Boca Juniors e Maxi Falcón para o Inter Miami.
O resultado foi uma queda acentuada de desempenho. No campeonato local, o Colo-Colo ocupa apenas a décima posição com sete pontos, enquanto o líder Coquimbo Unido soma 14. Na Libertadores, estreou com um empate contra o Atlético Bucaramanga e ainda não conseguiu emplacar três vitórias consecutivas em 2025.
O preço alto do sucesso no futebol sul-americano
O que explica esse fenômeno de campeões que rapidamente se transformam em times medianos ou até mesmo em crise? Diversos fatores contribuem para essa instabilidade característica do futebol sul-americano.
A constante saída de talentos para o futebol europeu ou para mercados emergentes como os Estados Unidos e o Oriente Médio fragiliza as estruturas dos times. Treinadores bem-sucedidos também são rapidamente cobiçados por outros mercados, levando consigo metodologias vencedoras e conhecimento tático sobre os elencos.
A pressão por resultados imediatos, intensificada após temporadas de glória, cria um ambiente sufocante para os novos comandantes e jogadores. E a dificuldade em repor peças importantes com a mesma qualidade, dadas as limitações financeiras dos clubes sul-americanos, completa o cenário perfeito para essas quedas vertiginosas.
Você acredita que esses gigantes conseguirão se recuperar ainda em 2025? Quais desses quatro times tem maior potencial para dar a volta por cima nesta temporada? Compartilhe sua opinião e acompanhe conosco a evolução dessas equipes que, até ontem, eram dominadoras incontestáveis de seus países.
E então, estamos testemunhando apenas um momento ruim passageiro ou uma crise estrutural mais profunda nestes clubes? O tempo, como sempre no futebol, será o juiz final.