Racismo: Uma Batalha que Transcende os Gramados e Invade os Escritórios
O futebol, considerado uma paixão mundial que une diferentes culturas, infelizmente continua sendo palco de episódios lamentáveis de racismo. O caso recente envolvendo Luighi, jovem promessa do Palmeiras, durante um jogo da Libertadores Sub-20 contra o Cerro Porteño, ilustra como este mal persiste e afeta profundamente atletas de todas as idades.
Um Grito que Ecoa Além dos Estádios
Aos 18 anos, Luighi vivenciou uma das experiências mais dolorosas de sua carreira quando foi alvo de gestos racistas imitando macacos e até mesmo um cuspe. A cena do jovem deixando o campo em lágrimas e questionando “Até quando a gente vai passar por isso?” é um retrato cruel da realidade enfrentada por muitos atletas negros.
Este desabafo não representa apenas a dor individual de Luighi, mas simboliza um problema sistêmico que continua arraigado em nossa sociedade, tanto nos campos de futebol quanto nos ambientes corporativos.
O Contraste entre Leis e Ações Efetivas
A análise do incidente revela lacunas preocupantes na aplicação de protocolos antirracismo:
- No Paraguai, a Lei 6.940 de 2022 classifica o racismo apenas como infração administrativa, com multas que raramente servem como verdadeiro impedimento
- A FIFA estabeleceu em 2024 um protocolo global que considera o racismo como crime em todas as categorias do futebol
- Apesar dos protocolos existentes, o árbitro da partida não interrompeu o jogo conforme previsto nesses procedimentos
A Conmebol prometeu adotar medidas disciplinares, enquanto a CBF solicitou formalmente a exclusão do Cerro Porteño da competição. No entanto, a eficácia dessas ações ainda depende de uma análise rigorosa e da real vontade de implementar sanções que realmente desestimulam comportamentos racistas.
“Racismo Veste Terno e Gravata Todos os Dias”
Como observou Emerson Feliciano, da revista eletrônica VOCESA, o racismo não se limita aos gramados. Nos ambientes corporativos, manifestações racistas podem ser mais sutis, mas igualmente prejudiciais:
- Processos seletivos que perpetuam desigualdades
- Falta de representatividade em posições de liderança
- Microagressões cotidianas que afetam a saúde mental e o desenvolvimento profissional
Se nos estádios o racismo é explícito e violento, nos escritórios ele se apresenta muitas vezes disfarçado de “meritocracia” ou “tradição”, reforçando estereótipos e limitando oportunidades para profissionais negros.
A Solidariedade como Primeiro Passo
O caso de Luighi gerou uma onda de solidariedade no mundo do futebol. Figuras importantes como Vinícius Júnior e até clubes rivais como Corinthians e São Paulo manifestaram apoio ao jovem atleta. Estas demonstrações são importantes, mas a luta contra o racismo demanda muito mais que gestos simbólicos.
É necessário:
- Aplicação rigorosa das leis e protocolos existentes
- Atuação firme da justiça desportiva
- Promoção ativa de culturas inclusivas em todas as instituições
- Educação antirracista desde as categorias de base até os ambientes corporativos
Transformando o “Até Quando” em “Nunca Mais”
O questionamento feito por Luighi em meio às lágrimas representa um chamado urgente à ação. A luta contra o racismo precisa envolver entidades esportivas, governos, empresas e toda a sociedade civil.
Só com esforços coordenados e persistentes poderemos criar espaços – sejam campos de futebol ou salas de reunião – onde o respeito à dignidade humana seja inegociável e onde talentos possam florescer sem o peso da discriminação racial.
O que você pensa sobre as medidas atuais de combate ao racismo no esporte? Você já presenciou ou vivenciou situações de discriminação racial em seu ambiente de trabalho? Compartilhe sua experiência nos comentários e vamos ampliar essa discussão fundamental.