Dívida do Cruzeiro como ativo estratégico: Paradoxo financeiro e a reinvenção do clube

Uma dívida de R$ 1,3 bilhão seria suficiente para enterrar qualquer empresa convencional. No caso do Cruzeiro Esporte Clube, entretanto, esse passivo monumental está se transformando em um paradoxal catalisador de renovação. Sob o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o que era um fardo insustentável agora pavimenta o caminho para um futuro promissor. Esta análise revela como uma crise financeira sem precedentes pode, surpreendentemente, transformar-se em vantagem competitiva no médio prazo. O Paradoxo da Crise: Quando o Fundo do Poço Vira Trampolim A trajetória recente do Cruzeiro desafia a lógica financeira tradicional. Em 2019, o clube atingiu seu nadir: rebaixamento à Série B, bloqueio de transferências pela FIFA e acúmulo de dívidas impagáveis. Foi precisamente este cenário catastrófico que criou as condições para uma reinvenção radical, impossível em tempos de relativa estabilidade. O modelo associativo, que permitiu décadas de irresponsabilidade fiscal sem consequências imediatas para dirigentes, ruiu sob o peso de suas próprias contradições. Nascia ali, das cinzas da pior crise institucional da história celeste, a oportunidade para uma refundação. A Alquimia Financeira: Transformando Dívida em Capital Desvalorização como Oportunidade de Entrada A combinação entre uma marca de alcance nacional e uma situação financeira desesperadora criou uma janela única para investidores. Quando Ronaldo Nazário adquiriu 90% da SAF por apenas R$ 400 milhões (valor abaixo do potencial de mercado da instituição), estabeleceu um precedente: a dívida havia desvalorizado artificialmente um ativo premium, criando uma assimetria favorável ao capital. Esta desvalorização permitiu a entrada posterior de Pedro Lourenço em condições igualmente vantajosas, com aporte inicial de R$ 200 milhões por uma participação majoritária. O que os investidores compreenderam foi a disparidade entre valor contábil negativo e valor potencial de mercado, algo comum em startups disruptivas, mas inédito no futebol brasileiro tradicional. Mecanismos Legais: A SAF como Escudo e Alavanca A legislação das SAFs introduziu ferramentas financeiras que transformaram a natureza da dívida: Esta estrutura legal criou um escudo que protege o clube de execuções imediatas, convertendo um passivo asfixiante em um compromisso gerenciável de longo prazo. O Efeito Phoenix: Renascimento Operacional e Comercial Da Austeridade Radical à Expansão Calculada A gestão de Ronaldo Nazário implementou um choque de realidade: redução da folha salarial de R$ 380 milhões para R$ 80 milhões, corte de privilégios históricos e foco obsessivo em controle de custos. Estes movimentos, impossíveis no modelo associativo tradicional, permitiram que o clube registrasse EBITDA positivo de R$ 20 milhões já em 2023 – uma reviravolta impressionante para uma instituição que sangrava financeiramente havia décadas. Com Pedro Lourenço, a estratégia evoluiu para um modelo de austeridade seletiva: contenção em áreas não-essenciais, combinada com investimentos agressivos onde há potencial de retorno. Em 2023, R$ 76 milhões foram direcionados à contratação de jogadores de maior calibre, uma aposta na valorização do elenco como ativo negociável e na capacidade de atrair público e patrocinadores. A Reinvenção Comercial A pressão pela geração de receitas levou o Cruzeiro a explorar frentes antes negligenciadas: Estas iniciativas resultaram em um aumento de 36% nas receitas entre 2022 e 2023, demonstrando que a crise gerou uma mentalidade de mercado ausente nos tempos de fartura. A Corrida Contra o Relógio: O Tempo como Aliado A estrutura da SAF estabeleceu um horizonte temporal definido para a reestruturação: dez anos para liquidar o passivo. Este prazo, que poderia parecer um obstáculo, tornou-se na verdade um ativo estratégico por três razões: Enquanto clubes tradicionais seguem reféns de ciclos eleitorais de curto prazo, o Cruzeiro opera agora com uma visão de década, permitindo investimentos estruturantes com payback prolongado. O Futuro: Da Sobrevivência à Dominância A trajetória atual sugere que, se mantiver a disciplina financeira combinada com ambição calculada, o Cruzeiro poderá emergir da crise não apenas recuperado, mas em posição privilegiada no cenário nacional. Projeções indicam que: Conclusão: A Dívida como Mestra Implacável O caso do Cruzeiro revela uma lição contraintuitiva: uma crise existencial pode ser o impulso necessário para uma reinvenção profunda. A dívida bilionária, que parecia ser uma sentença de morte, acabou forçando: O Cruzeiro de 2025 é mais enxuto, mais focado e potencialmente mais valioso que o clube pré-crise, não apesar da dívida, mas em grande parte graças a ela. O passivo, que continua sendo um desafio monumental, paradoxalmente se converteu no maior ativo estratégico da instituição: o catalisador de uma transformação que, sem a crise, jamais teria ocorrido com tal profundidade e rapidez. Para torcedores, investidores e observadores do futebol brasileiro, a mensagem é clara: às vezes, é preciso chegar ao limite do abismo para encontrar a coragem de voar.
Tokenização de Dívidas: Como Clubes de Futebol Podem Transformar Passivos em Ativos Digitais

O cenário financeiro do futebol brasileiro vive um paradoxo: enquanto as receitas batem recordes históricos, as dívidas persistem em níveis alarmantes. Neste contexto, a tecnologia blockchain emerge como uma solução potencialmente revolucionária, oferecendo aos clubes a oportunidade de transformar passivos financeiros em ativos digitais negociáveis. Este artigo explora como a tokenização de dívidas pode representar uma estratégia inovadora para clubes que buscam equilibrar suas finanças sem comprometer seu desempenho esportivo. A tokenização não é apenas uma tendência tecnológica passageira, mas uma profunda reimaginação dos instrumentos financeiros tradicionais. Ao converter obrigações financeiras em tokens digitais, os clubes podem democratizar o acesso ao seu financiamento, aumentar a transparência de suas operações e criar uma nova forma de engajamento com torcedores e investidores. 1. O Cenário Financeiro do Futebol Brasileiro O endividamento crônico no futebol brasileiro é uma realidade que atravessa décadas. Em 2023, mesmo com o menor valor registrado desde 2011, os clubes brasileiros ainda acumulavam impressionantes R$ 8,9 bilhões em dívidas. Este montante não reflete apenas má gestão, mas também a estrutura do futebol moderno, onde a pressão por resultados imediatos frequentemente sobrepõe-se ao planejamento financeiro de longo prazo. As principais fontes de endividamento incluem: Esta situação cria um ciclo vicioso: para manter competitividade, os clubes investem além de suas capacidades financeiras, gerando mais dívidas e comprometendo resultados futuros. Sem acesso a mercados de capitais tradicionais em condições favoráveis, muitos clubes recorrem a empréstimos emergenciais com taxas abusivas ou adiantamento de receitas futuras com deságios significativos. 2. Tokenização de Dívidas: Conceitos Fundamentais 2.1 O Que São Tokens de Dívida? Os tokens de dívida representam digitalmente uma obrigação financeira, inscrita e gerenciada através de tecnologia blockchain. Diferentemente de criptomoedas como Bitcoin ou Ethereum, que são ativos nativos digitais, os tokens de dívida são representações digitais de passivos financeiros preexistentes e possuem características específicas: Quando aplicados às dívidas de clubes de futebol, esses tokens essencialmente transformam passivos tradicionais em instrumentos financeiros digitais com maior liquidez e transparência, frequentemente chamados de “smart bonds” ou “debt tokens”. 2.2 Infraestrutura Blockchain para Tokenização A escolha da infraestrutura blockchain é um fator crítico que influencia aspectos como custos, privacidade, velocidade de transação e compatibilidade regulatória. As principais opções incluem: 2.2.1 Blockchains Públicas Redes como Ethereum, Solana, Avalanche ou Polygon oferecem: O Ethereum, em particular, já hospeda mais de 80% dos ativos tokenizados globalmente, graças à sua robustez e ao padrão ERC-20 para tokens fungíveis. 2.2.2 Blockchains Permissionadas Redes como Hyperledger Fabric, R3 Corda ou Quorum (JPMorgan) proporcionam: Para clubes com necessidades específicas de privacidade ou com regulamentações estritas, as redes permissionadas podem ser o caminho ideal, embora sacrifiquem parte da descentralização que caracteriza o blockchain. 3. Vantagens Estratégicas da Tokenização para Clubes 3.1 Democratização do Acesso ao Investimento A tokenização permite que clubes transformem dívidas de grande valor em pequenas unidades acessíveis, criando uma nova categoria de investimento para torcedores e pequenos investidores. Esta fragmentação (ou “fracionamento”) apresenta vantagens significativas: Um clube com dívida de R$ 100 milhões poderia emitir 1 milhão de tokens de R$ 100 cada, permitindo que torcedores de diferentes níveis socioeconômicos se tornem credores diretos da instituição que apoiam. 3.2 Liquidez Secundária e Formação de Preço Diferentemente de dívidas tradicionais, frequentemente ilíquidas até o vencimento, os tokens podem ser negociados continuamente em mercados secundários: A liquidez secundária também beneficia o clube emissor, já que reduz o prêmio de risco exigido pelos investidores iniciais, possibilitando taxas de juros mais baixas nas emissões primárias. 3.3 Eficiência Operacional via Smart Contracts Os contratos inteligentes automatizam diversos processos que tradicionalmente exigiriam intervenção humana e múltiplos intermediários: Esta automação pode representar economia de 2-3% no custo total da dívida, valor significativo quando falamos de dezenas ou centenas de milhões de reais. 4. Implementação Prática: Passo a Passo 4.1 Avaliação e Estruturação do Passivo Antes da tokenização propriamente dita, é necessário um diagnóstico financeiro completo: Esta fase geralmente requer colaboração entre diretoria financeira, consultores jurídicos e especialistas em tokenização. 4.2 Desenvolvimento Tecnológico O desenvolvimento técnico envolve múltiplas camadas: O desenvolvimento típico leva de 3 a 6 meses, dependendo da complexidade da estrutura financeira e das integrações necessárias. 4.3 Compliance e Estrutura Legal A tokenização existe na interseção entre inovação tecnológica e regulação financeira tradicional: No Brasil, as ofertas podem ser enquadradas como crowdfunding de investimento (até R$ 15 milhões) ou ofertas públicas tradicionais, dependendo do volume. 4.4 Emissão e Distribuição O lançamento dos tokens pode ocorrer através de diferentes modelos: Após a emissão, os tokens são distribuídos nas carteiras digitais dos investidores e podem começar a ser negociados em mercados secundários autorizados. 5. Casos de Uso e Estudos de Caso 5.1 Experiências Globais: Lições do Mercado Financeiro 5.1.1 Societe Generale – Covered Bonds no Ethereum Em abril de 2019, o Societe Generale, através de sua subsidiária Societe Generale SFH, emitiu €100 milhões em covered bonds tokenizados na blockchain Ethereum. Este caso demonstrou: 5.1.2 World Bank Bond-i O Banco Mundial lançou em 2018 o Bond-i (Blockchain Operated New Debt Instrument), um título de dívida de AUD 110 milhões (aproximadamente USD 80 milhões) inteiramente gerenciado em blockchain. Esta emissão: 5.1.3 Berlin Hyp – Mortgage Pfandbrief O banco alemão Berlin Hyp emitiu €100 milhões em um Pfandbrief digital (título garantido por hipotecas) utilizando tecnologia blockchain, evidenciando: 5.2 Aplicações no Futebol: Primeiros Movimentos 5.2.1 Iniciativas Brasileiras A startup brasileira Liqi anunciou parcerias com clubes da elite do futebol nacional para tokenização de diversos ativos, incluindo receitas futuras e direitos econômicos. Embora focadas inicialmente em direitos de atletas, estas iniciativas estabelecem precedentes importantes para tokenização de dívidas. 5.2.2 Potenciais Pioneiros Clubes-empresa como Botafogo, Cruzeiro e SAF do Vasco da Gama estão bem posicionados para liderar a adoção da tokenização de dívidas, graças à sua governança corporativa mais adaptada às inovações financeiras. 6. Desafios e Considerações Estratégicas 6.1 Barreiras Regulatórias O ambiente regulatório para ativos tokenizados ainda está em formação, apresentando desafios como: Clubes pioneiros precisarão trabalhar em estreita colaboração com reguladores para estabelecer precedentes construtivos. 6.2 Volatilidade e Gestão de Risco A negociação secundária de tokens pode gerar flutuações significativas de preço: Clubes
3 jovens do Corinthians que podem “explodir” com a chegada de Dorival

A chegada de Dorival Júnior ao Corinthians não representa apenas uma mudança tática ou estratégica. O treinador, conhecido por valorizar jovens talentos e equilibrar equipes, pode ser o catalisador para a ascensão de promessas da base alvinegra. Com um histórico de revelações como Neymar (Santos) e João Gomes (Flamengo), Dorival tem a chance de repetir o feito no Parque São Jorge. Abaixo, destacamos três jogadores que podem ganhar destaque sob seu comando: 1. Breno Bidon: O meia criativo à espera de espaço Breno Bidon, de 19 anos, é visto como uma das joias do meio-campo corintiano. Com passes precisos e visão de jogo acima da média, o jovem tem potencial para ocupar a função de organizador do time – área que o Corinthians enfrenta dificuldades desde a saída de Renato Augusto. Dorival, que prioriza equilíbrio entre defesa e ataque, pode aproveitar a versatilidade de Bidon para compor um meio-campo dinâmico.Por que ele pode explodir? 2. Kayle: O extremo de habilidade refinada Kayle, de 17 anos, é uma das maiores promessas recentes da base corintiana que já chama atenção pelos fundamentos apurados. Canhoto versátil, o atacante se destaca pela capacidade de condução em velocidade, dribles desconcertantes em espaços curtos e uma visão periférica incomum para sua idade. Com Dorival Júnior, que valoriza extremos técnicos e capazes de criar desequilíbrios individuais, Kayle encontra o cenário perfeito para sua evolução. Por que ele pode explodir? 3. Ryan: O volante que pode ganhar protagonismo Ryan, de 20 anos, vem sendo gradualmente integrado ao elenco principal. O volante, que já demonstrou bom desempenho em jogos recentes, pode se beneficiar da expertise de Dorival em organizar o meio-campo. O técnico sempre valorizou volantes com boa saída de bola e capacidade de transição, e Ryan, com sua habilidade de recuperação e distribuição, pode se tornar peça-chave nesse sistema.Por que ele pode explodir? O fator Dorival: Por que a base ganha força Além dos três nomes citados, o histórico do técnico sugere que outros jovens podem surgir. No São Paulo, por exemplo, ele integrou jovens ao elenco principal durante sua passagem em 2023, valorizando o trabalho de formação. No Corinthians, a necessidade de equilibrar finanças e buscar alternativas internas cria um cenário ideal para que a base seja valorizada e possa oxigenar o elenco principal. Desafios adiante: Enquanto aguardamos a adaptação do técnico ao novo clube, uma coisa é certa: a era Dorival no Corinthians promete ser um divisor de águas para as promessas do clube, que podem encontrar no novo comandante o incentivador que precisavam para brilhar no profissional.
Como Dorival pode reestruturar o elenco com base nos padrões que usou no Flamengo e São Paulo?

Após anos de instabilidade dentro e fora de campo, o Corinthians aposta em Dorival Júnior como o arquiteto de uma nova era e o roteiro de reconstrução já tem precedentes que funcionaram com perfeição em Flamengo e São Paulo. Fortaleza sob construção: como Dorival pode blindar o Timão No Flamengo, Dorival montou uma linha defensiva de quatro jogadores, com laterais ofensivos apoiados por zagueiros experientes. Já no São Paulo, explorou esquemas que alternavam entre três e quatro defensores. O atual elenco corintiano conta com Félix Torres e Gustavo Henrique como principais zagueiros, mas carece de um defensor canhoto que permitiria maior flexibilidade tática. A solução passa por buscar um zagueiro canhoto de baixo custo ou por empréstimo, além de investir em jovens da base como Tchoca para aumentar as opções defensivas. A estratégia seguiria o modelo implementado no São Paulo, onde Dorival mesclou veteranos experientes com jogadores em ascensão. O cérebro do time: como Dorival pode dar inteligência e ritmo ao meio O padrão de Dorival nos clubes anteriores envolveu a combinação de volantes de marcação com meias criativos. No Corinthians, Rodrigo Garro representa o elemento técnico do setor, enquanto Raniele oferece consistência defensiva. Entretanto, falta um jogador que execute transições rápidas com passes verticais. A prioridade deve ser a permanência de Breno Bidon, jovem talento da base, e a contratação de um meia criativo no estilo de Lucas Moura, que foi fundamental no São Paulo de Dorival. A implementação de um 4-2-3-1 ou 4-3-3, com Garro como principal articulador e Carrillo pela direita, seria uma adaptação natural dos modelos táticos utilizados pelo treinador. Fôlego e finalização: o ataque que Dorival quer construir no Timão No ataque, Dorival explorou a velocidade pelas pontas no São Paulo e um sistema de dois atacantes no Flamengo. No Corinthians, Yuri Alberto é o artilheiro consolidado, mas o time precisa reforçar as opções de ponta após a saída de Wesley. Memphis Depay e Talles Magno são alternativas que precisam de complementos. A prioridade é contratar um ponta direita veloz e dar oportunidades a Giovane como opção de impacto. Também seria viável adaptar o esquema para acomodar dois atacantes, permitindo parcerias entre Yuri Alberto e Memphis, similar ao que foi feito com Gabigol e Pedro no Flamengo. Gestão de lideranças Dorival sempre valorizou jogadores experientes como referências em campo. A saída de Fagner e Cássio deixou um vácuo de liderança no Corinthians que André Ramalho e Hugo Souza podem começar a preencher. É crucial manter Yuri Alberto, alvo de clubes europeus, e renovar contratos de peças-chave como Romero e Carrillo. Base e sustentabilidade financeira Com uma dívida significativa de R$ 668 milhões, o Corinthians precisa equilibrar suas finanças. Dorival tem histórico de integrar jovens talentos, como fez no São Paulo. No Timão, jogadores como Léo Mana e Ryan representam oportunidades para reduzir custos e renovar o elenco. A estratégia passa por negociar atletas sem espaço no grupo (como Pedro Raul) e promover regularmente jogadores da base, estabelecendo uma meta de pelo menos duas promoções por temporada. Conclusão Dorival Júnior tem o desafio de adaptar ao Corinthians a fórmula que deu certo em seus últimos trabalhos: defesa organizada, meio-campo versátil, ataque eficaz e gestão inteligente de recursos. Mesmo com limitações financeiras, o técnico pode reestruturar o time aproveitando o elenco existente, que já conta com jogadores de qualidade como Garro e Yuri Alberto, realizando contratações pontuais e estratégicas. O sucesso desse projeto dependerá da capacidade de Dorival em impor sua identidade de jogo enquanto navega pelas complexidades da política interna do clube, ainda abalada por discussões sobre o impeachment do presidente Augusto Melo. Se conseguir estabelecer estabilidade dentro e fora de campo, o Corinthians terá condições de retornar ao protagonismo no cenário nacional. No Corinthians, não basta vencer: é preciso convencer pela entrega. Dorival conhece esse peso — e sua liderança serena pode traduzir a garra corintiana em organização dentro de campo. Com a bola nos pés e o clube nas costas, Dorival tem a chance de ser mais que um técnico: pode se tornar o nome que reconduziu o Corinthians à sua essência — de clube gigante, competitivo e respeitado.
Dorival no Corinthians: por que ele é a solução política e tática que o Timão precisa

O Corinthians atravessa um dos períodos mais delicados de sua história recente. Entre a frustração com Ramón Díaz e a negativa de Tite, o torcedor clama por mais do que vitórias: busca um novo rumo. Neste cenário caótico, surge Dorival Júnior — não apenas como técnico, mas como o homem capaz de unir os cacos de um clube dividido. 1. Dorival Júnior: Experiência para Estabilizar o Timão Dorival Júnior traz consigo um currículo robusto no futebol brasileiro, com conquistas significativas como três títulos da Copa do Brasil (2010, 2022 e 2023) e uma Libertadores (2022). Sua experiência em clubes de grande expressão como Flamengo, Santos e São Paulo proporciona ao Corinthians a segurança de um profissional que já enfrentou ambientes de alta pressão. Internamente, a diretoria do Timão vê em Dorival um nome “atualizado e com modelo tático ajustado à realidade corintiana”, capaz de implementar uma filosofia tática condizente com as necessidades atuais do clube. A passagem pela Seleção Brasileira, mesmo com aproveitamento de 56,25%, credencia o treinador como profissional de elite nacional. Em um momento em que o Corinthians busca estabilidade após sucessivas trocas de comando, Dorival representa uma escolha segura e estratégica para a gestão de Augusto Melo, que corre para evitar o prolongamento do período sem técnico efetivo. 2. Perfil Conciliador em um Ambiente Conturbado Um dos principais atributos que fazem de Dorival a escolha ideal para o momento corintiano é seu perfil apaziguador. O Timão enfrentou recentemente episódios de conflito interno, como o bate-boca entre jogadores no intervalo da partida contra o Barcelona de Guayaquil pela Libertadores, além de críticas públicas de Memphis Depay ao trabalho tático da comissão anterior. Conhecido pelo estilo “boa-praça” e pela facilidade em gerir grupos, Dorival tem histórico de boas relações com elencos e capacidade para resolver conflitos internos. Esta característica é essencial para reorganizar um vestiário que demonstrou sinais de fragmentação nas últimas semanas. O técnico consegue estabelecer uma comunicação clara com os atletas sem perder a autoridade, criando um ambiente de trabalho favorável ao desenvolvimento do time. Sua experiência em lidar com jogadores de diferentes perfis e gerações será fundamental para unificar o elenco em torno de um objetivo comum. 3. Pressão da Torcida e a Necessidade de um Nome de Peso A torcida corintiana exige resultados imediatos e a diretoria entende que a contratação de um treinador com currículo vitorioso pode acalmar os ânimos após a demissão de Ramón Díaz. Dorival Júnior carrega consigo o status de técnico campeão e isso tem peso significativo na política interna do clube. É interessante notar que, em 2023, Dorival quase foi contratado pelo Corinthians, mas acabou acertando com o São Paulo minutos antes de receber o contato do Timão. Esta “segunda chance” cria uma narrativa positiva junto à torcida, que vê agora a oportunidade de contar com um treinador que já esteve próximo do clube. O Corinthians disputa três competições simultaneamente – Campeonato Brasileiro, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil – e precisa de um comandante com experiência para gerenciar o calendário complexo e as expectativas elevadas que cercam o clube. 4. Pragmatismo Financeiro e Resolução de Entraves As negociações entre Corinthians e Dorival Júnior avançaram rapidamente, demonstrando um pragmatismo financeiro importante para o atual momento do clube. O executivo Fabinho Soldado viajou pessoalmente a Florianópolis para apresentar o projeto esportivo ao treinador, sinalizando a prioridade que a diretoria dá à contratação. Questões burocráticas importantes já foram resolvidas, como a situação contratual com a CBF – Dorival precisava da rescisão oficial para assumir um novo clube. O Corinthians também já discutiu valores salariais, propondo quantias próximas ao que era pago a Ramón Díaz, o que demonstra responsabilidade financeira. O presidente Augusto Melo manifestou publicamente o desejo de anunciar um novo treinador ainda nesta semana, evitando repetir o filme de 2024, quando o clube ficou três jogos sem comandante efetivo após a saída de António Oliveira. 5. O Aspecto Tático: Equilíbrio entre Defesa e Ataque No campo técnico, a escolha por Dorival Júnior está diretamente ligada à necessidade de resolver problemas defensivos do Corinthians, que sofreu 28 gols em 26 partidas na temporada. A diretoria acredita que o treinador conseguirá construir um time mais equilibrado do ponto de vista tático. Seu trabalho mais recente em clubes, marcado pela conquista da Copa do Brasil com o São Paulo em 2023 e a dobradinha Libertadores/Copa do Brasil com o Flamengo em 2022, evidencia sua capacidade de montar equipes competitivas e organizadas, sem abrir mão do potencial ofensivo. O estilo de jogo proposto por Dorival, que prioriza solidez defensiva com transições rápidas, pode se adequar bem ao atual elenco corintiano, que conta com jogadores velozes pelos flancos e atacantes de área como Yuri Alberto. Veja o desempenho de Dorival Juniors nas últimas equipes que treinou: Equipe Jogos V E D Aproveitamento Média gols feitos Média gols sofridos Brasil 16 7 6 3 56,3% 1,69 1,31 São Paulo FC 54 24 14 16 53,1% 1,33 1,00 CR Flamengo 38 23 6 9 65,8% 1,79 0,97 Ceará SC 18 11 4 3 68,5% 1,83 0,72 Athletico 18 9 3 6 55,6% 1,5 0,89 Mais que um Técnico, um Símbolo de Reorganização A contratação de Dorival Júnior representa mais que uma solução técnica para o Corinthians – é um símbolo da tentativa de reorganização institucional e esportiva do clube. Sua chegada sinaliza um compromisso com a estabilidade e a construção de um projeto consistente no médio prazo. Com expectativa de ser anunciado nos próximos dias e já estar presente na Neo Química Arena para o jogo contra o Racing-URU pela Sul-Americana, Dorival terá o desafio de implementar suas ideias rapidamente e mostrar resultados em um ambiente historicamente pressionado. Se conseguir equilibrar as demandas políticas, harmonizar o vestiário e implementar um futebol competitivo, Dorival Júnior poderá ser lembrado não apenas como mais um técnico na história recente do clube, mas como o responsável por recolocar o Corinthians no caminho das conquistas, consolidando seu próprio legado no futebol brasileiro. E você, torcedor corintiano? Acredita que Dorival é o nome
Wesley Flamengo: Por que o lateral-direito é visto como uma joia rara do futebol brasileiro

Wesley não é apenas uma promessa do Flamengo. É o tipo de jogador que redefine o papel de um lateral-direito no futebol moderno. Em um cenário em que laterais capazes de contribuir com inteligência tática e intensidade ofensiva são cada vez mais raros, Wesley surge como um nome incontornável. Aos 21 anos, o jovem já integra a Seleção Brasileira e atrai interesse de gigantes europeus. Como profissional da área técnica e apaixonado por análise de desempenho, observo em Wesley um perfil que vai além dos números: um atleta moldado por resiliência, disciplina e preparo multidisciplinar. Vamos aos motivos que justificam tanta expectativa. 1. Versatilidade e Adaptação Posicional A trajetória de Wesley é marcada por uma curiosidade que explica muito de seu estilo de jogo: ele não começou a carreira como lateral. “O Wesley está fazendo uma função na lateral, mas vocês vão ver futuramente ele jogando muito por dentro. Ele começou como volante na escolinha. A primeira tatuagem dele é ele com a camisa 8 do Figueirense”, revelou Balo, seu agente e mentor desde os 11 anos. Essa formação como meio-campista proporcionou ao jogador: A transição do meio-campo para a lateral foi potencializada por suas características físicas, especialmente velocidade e resistência, que hoje são essenciais para seu estilo ofensivo. 2. Desempenho em Campo Com 122 jogos oficiais pelo Flamengo até março de 2025 e 4 gols marcados, Wesley demonstra números expressivos para um lateral-direito. Seu crescente desempenho foi reconhecido pelo Observatório do Futebol (CIES Football), que o apontou como: Sua contribuição ofensiva vai além dos números brutos, caracterizando-se por: Defensivamente, Wesley evoluiu significativamente, demonstrando melhoria no posicionamento tático e na eficiência dos desarmes, mantendo uma consistência rara para sua idade. 3. Inteligência Tática e Evolução Contínua Um dos diferenciais mais notáveis de Wesley é seu comprometimento com a evolução técnica constante. Após frustrar-se com a negociação interrompida com a Atalanta em 2024, o lateral intensificou investimentos em seu desenvolvimento: Esse trabalho multidisciplinar tem refletido diretamente em campo. Como observou Bruno Spindel, diretor executivo do Flamengo: “A gente, como sempre contou, conta muito com o Wesley. Atleta que nos ajudou e vai continuar ajudando muito, tem potencial enorme. A gente acha que é um atleta que no futuro vai fazer parte da seleção brasileira.” 4. Projeção em Competições de Alto Nível A ascensão de Wesley culminou com sua primeira convocação para a Seleção Brasileira em março de 2025, para os jogos contra Colômbia e Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. O técnico Dorival Júnior, que conhece Wesley desde 2022 quando comandava o Flamengo, destacou sua evolução: “De setembro para cá, ele conseguiu um salto de qualidade que o credenciou a um momento como esse. É um primeiro momento dele aqui dentro, vamos ver a reação, sentir a condição que ele está.” Além da presença na seleção, o Flamengo aposta em seu desempenho no Super Mundial de Clubes como vitrine internacional, tanto que: 5. Mercado e Potencial de Revenda A trajetória de Wesley no mercado demonstra valorização consistente: Essa valorização reflete a escassez mundial de laterais de alto nível técnico e com capacidade ofensiva, perfil altamente valorizado no futebol europeu contemporâneo. 6. Mentalidade e Resiliência Um dos aspectos menos visíveis, mas talvez mais determinantes para o sucesso de Wesley, é sua capacidade de superar adversidades. Seu agente relata que antes mesmo de chegar ao Flamengo, o jovem enfrentou diversas rejeições: “Quando Wesley foi reprovado a primeira vez no Figueirense, perguntei para alguns contatos do clube o porquê. Me disseram que ele precisava melhorar no último terço do campo. Continuamos trabalhando. Retornamos uma segunda e uma terceira vez, e ele foi reprovado novamente. Levei ele ao Atlético Tubarão, também de Santa Catarina, e também foi reprovado.” No Flamengo, viveu momentos de frustração, especialmente quando a transferência para a Atalanta não se concretizou: “Quando ele não vai para a Atalanta, chora muito. A gente estava com passagem comprada, falei que ele já podia fazer a despedida do Flamengo… Wesley chorou muito, eu chorei também. Pouquíssimas vezes o vi assim. Não o vi chorando nem cinco vezes em dez anos.” Essa capacidade de transformar frustração em combustível para evolução demonstra maturidade emocional, essencial para o sucesso em alto nível. Um novo tipo de atleta brasileiro Wesley é uma rara combinação de talento técnico, preparo físico e inteligência emocional, fatores que o tornam um ativo valioso para o Flamengo e um alvo prioritário para a Europa. Seu desenvolvimento contínuo, aliado a uma equipe multidisciplinar, sugere que seu auge ainda está por vir. Aos 21 anos, o lateral representa o novo perfil de atleta brasileiro: tecnicamente refinado, taticamente versátil e profissionalmente estruturado. Se mantiver sua trajetória ascendente, Wesley tem potencial para se estabelecer não apenas como um dos melhores laterais do Brasil, mas como referência internacional em sua posição. 👇 E você? Acha que Wesley já está pronto para brilhar na Europa? Ou deve amadurecer mais tempo no Brasil?Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe este artigo com quem acompanha o futebol brasileiro de perto.